A autora
Lionel Shriver (sim, é mulher) não é muito conhecida por aqui, mas certamente
você já ouviu falar de ‘’Precisamos falar sobre o Kevin’’. Pois o livro é dela, virou um best-seller,
ficou conhecido por tratar de um tema polêmico e acabou virando filme em 2011.
A obra conta a história de Kevin Khatchadourian, um menino de 16 anos que mata
nove pessoas da escola onde estudava no subúrbio de Nova York. Até aí parece
uma história sem muito diferencial, apesar de tratar de um tema (infelizmente)
muito comum nos Estados Unidos.
Acontece que o livro é escrito de uma forma
totalmente inusitada e quem passa a ganhar maior destaque é Eva, mãe de Kevin,
que é a narradora. Ela faz uma espécie de retrospectiva de seus dias desde
quando conheceu o marido até sua vida após, como ela mesma chama, a quinta-feira, sempre tentando enxergar
o que havia de errado com o menino que seu marido tanto amava e descobrir se a
culpa de tudo realmente era dela (como o tribunal decidiu após o julgamente de
Kevin). Quando o filho nasceu, Eva abriu mão de tudo que mais amava no mundo:
sua empresa bem sucedida, sua vida de viajante, a cidade grande e, de certa
forma, seu marido. Mas tudo isso vai acontecendo aos poucos, o livro possui um
tempo psicológico, Eva mistura passado e presente, buscando refletir sobre tudo
por que passou e compreender melhor o que levou o filho a virar o autor de uma
chacina.
Preciso
confessar que a narrativa fica um pouco pesada por causa disso (pesada não quer
dizer chata, de maneira alguma), o que faz a gente demorar um pouco pra pegar o
ritmo do livro, mas aos poucos você se acostuma e não consegue mais
largar. O filme procura manter esse
estilo do livro, indo ao passado e voltando, e eu achei ótima a tentativa de
ser fiel à obra original, o problema é que acaba ficando um pouco confuso (se
você não leu o livro, não recomendo que assista, porque é provável que não
entenda muito bem). Além disso, quase não tem diálogo, isso faz ele ficar meio
entediante. O clímax da história, a chacina, não tem praticamente nenhum
destaque, outro ponto negativo. E aquilo
que sempre acontece com livros que viram filme: mudança de cenas, falas e
acontecimentos. Bom, não dá pra negar, se você gosta de ler e gosta de um
enredo mais sério, o livro vale mil vezes mais que o filme.
Pra você
que gostou, vou deixar aqui embaixo minha crítica favorita, que foi a do jornal
O Globo, e eu acho que traduz perfeitamente aquilo que eu senti enquanto lia (e
espero que você também sinta): ‘’Um livro obrigatório por inúmeras razões; uma
bofetada a cada página. Nunca gostei de apanhar, mas este livro de nocauteou e
ainda terminei dizendo quero mais.’’
Ah, tem também o trailer do filme, pra quem ainda não viu:
-Luisa Barbosa.
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